sábado, 9 de janeiro de 2010

Violência verbal é tão prejudicial quanto a física.


O marido vive dizendo para quem quiser (ou não) escutar que sua mulher não sabe nada, não é capaz e por aí em diante. Todos os dias o chefe ou outro profissional dispara adjetivos humilhantes a um colega de trabalho. “As pessoas estão acostumadas a associar a violência à sua forma física. Mas a violência psicológica, muitas vezes expressada verbalmente, pode ser ainda mais prejudicial”, afirma a consultora de etiqueta e comportamento Célia Leão, de São Paulo.

“Vivemos num contexto violento, seja no trânsito, nos relacionamentos, nos meios de comunicação e nas empresas”, diz Armando Rezende Neto, psicólogo voluntário do Ambulatório de Atendimento de Transtorno Obsessivo Compulsivo da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). E, segundo ele, viver numa situação de violência verbal repetitiva pode levar ao estresse, do leve ao crônico, com repercussões na saúde. “Se a pessoa tem propensão à depressão e à ansiedade, pode desencadear esses transtornos e até crises de síndrome do pânico. Já atendi pessoas que lidam com o público em entidades públicas e desenvolveram esses problemas”, conta.

Casal

Nos relacionamentos entre casais, essa situação ganha tons mais intensos. “É pior, pois a violência vem de uma pessoa próxima e amada, que, muitas vezes, conhece e ataca os pontos fracos”, diz Rezende.

Para Célia, que já presenciou cenas de um casal em que o marido diminuía a esposa o tempo todo, a situação é causada por baixa autoestima de ambas as partes. “O agressor precisa diminuir a vítima para se sentir melhor. E a vítima aceita a agressão por não se dar valor”, diz.

O melhor, segundo os profissionais é sair rapidinho dessa situação. “Resgatar a autoestima, aprender a dizer não, enfrentar sem usar a mesma agressividade, fazer psicoterapia e até se separar são alguns caminhos”, aponta Rezende.

Para quem presencia uma cena de violência verbal entre um casal, Célia Leão dá as seguintes dicas: não tome partido de um dos cônjuges, faça que não ouviu e mude de assunto e, dependendo do grau de amizade, alerte a vítima de agressão para o fato, mas em outro momento, nunca na frente do agressor.

3 comentários:

Lu disse...

Meu sobrinho de 2 anos fica nervoso, chateado e diz (não biga) quando escuta vozes exaltadas ou apenas um tom mais sério na voz. E olha que procuramos sempre ter harmonia, conversar baixo. Mas ele simplesmente é assim e nunca ninguém explicou e ele não tem idade para saber sobre violência verbal. É algo natural nele e acho que em quase todas as crianças, só as reações são diferentes.

Angelo Vintecinco disse...

Ele fica assim, pois quando acontece ele percebe que é algo fora do "normal".
Na rotina do dia a dia (harmonia do ambiente), as vozes não se exaltam... E quando ocorre ele não só percebe, ele também SENTE que tem alguma coisa de diferente e novo, mas não só isso, que incomoda também.

Lu disse...

O falar alto é polvora para uma discussão mais acalorada e muitas vezes surge uma agressão. Eu fico nervosa se vejo algo assim acontecendo, não sei lidar bem com este tipo de coisa. O mais importante é tentar e praticar a tolerância a paciência.