domingo, 10 de janeiro de 2010

O trem da vida.


Quando nascemos, ao embarcarmos nesse trem, encontramos duas pessoas que, acreditamos, farão conosco a viagem até o fim: nossos pais. Não é verdade. Infelizmente, em alguma estação eles desembarcam, deixando-nos órfãos de seu carinho, proteção, amor e afeto. Mas isso não impede que, durante a viagem, embarquem pessoas interessantes e que virão a ser especiais para nós.

Embarcam nossos irmãos, amigos e amores. Muitas pessoas tomam esse trem a passeio. Outros fazem a viagem experimentando somente tristezas. E no trem há, também, pessoas que passam de vagão em vagão, prontas para ajudar quem mais precisa.

Muitos descem e deixam saudades eternas. Outros tantos viajam no trem de tal forma que, quando desocupam seus assentos, ninguém sequer percebe sua partida. Curioso é considerar que alguns passageiros que nos são tão caros acomodam-se em vagões diferentes do nosso. Isso nos obriga a fazer essa viagem separados deles. Mas claro que isso não nos impede de, embora com grande dificuldade, caminharmos pelos corredores e chegarmos até onde eles se encontram. O difícil é aceitar que não podemos nos assentar ao seu lado, pois outra pessoa estará ocupando esse lugar.

Essa viagem é assim: cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, embarques e desembarques.

Sabemos que esse trem jamais volta.
Façamos então essa viagem da melhor maneira possível, tentando manter um bom relacionamento com todos os passageiros, procurando em cada um deles o que possuem de melhor, lembrando sempre que, em algum momento do trajeto, poderão fraquejar e, provavelmente, precisaremos entender isso.

Nós mesmos fraquejaremos algumas vezes.. E, certamente, alguém nos entenderá. O grande mistério, afinal, é que não sabemos em qual parada vamos descer. E fico pensando: quando eu descer desse trem, sentirei saudade? Sim.

Deixar meus filhos viajando nele sozinhos será muito triste.

Separar-me de alguns amigos que fiz durante o trajeto, ficar longe do amor da minha vida, será para mim dolorido. Mas me agarro a uma esperança de que, em algum momento, estarei na estação principal, e terei a emoção de vê-los todos chegar com uma bagagem que não tinham quando embarcaram.

E o que me deixará mais feliz é saber que, de alguma forma, eu colaborei para que ela tenha crescido e se tornado valiosa. Agora, nesse momento, o trem diminui sua velocidade para que embarquem e desembarquem algumas pessoas. Minha expectativa aumenta à medida que o trem vai diminuindo a velocidade... Quem entrará? Quem sairá?

Eu gostaria que você pensasse no desembarque do trem não só como a representação da morte, mas também como o término de uma história que duas ou mais pessoas construíram e que, por algum motivo, deixaram desmoronar.

Ficamos felizes em perceber que certas pessoas têm a capacidade de sempre reconstruir para recomeçar. “Isso é sinal de garra e de luta, é saber viver, é saber extrair o melhor de todos os passageiros".

2 comentários:

Lu disse...

Este texto simplifica muitos fatos que vivi. Reconstruir sempre, cansar é um direito, questionar é importante.

Angelo Vintecinco disse...

Sim Luciane, questionar é um direito.
Uma visão ampla, construtiva!